A Lógica do Cisne Negro: conheça as estratégias de Nassim Taleb
A princípio, acreditava-se que todos os cisnes eram brancos. Mas, quando o homem chegou à Austrália, ele descobriu que existe a ave, também, na cor preta. Uma grande surpresa. No livro “A Lógica do Cisne Negro“, o escritor Nassim Nicholas Taleb faz uma analogia entre o cisne negro e um evento raro, impossível de ser previsto apenas analisando o passado. Um impacto altamente improvável.
Esses eventos incomuns, como o primeiro cisne negro, ocorrem com mais frequência do que imaginamos. O problema é que a nossa mente é programada para lidar com o que já vimos antes. Aí partimos para os subterfúgios.
Existem muitas coisas que não sabemos, mas como sentir-se ignorante é algo que ninguém quer para si mesmo, inventamos explicações, com histórias que não existem. Afinal, isso é mais prazeroso do que enxergar a própria estupidez diante do imprevisto.
Informação: escudo eficiente
Cisnes Negros são os eventos que causam grandes transformações cognitivas, sejam elas triviais ou enormes, como o ataque terrorista às Torres Gêmeas; destruição de um setor no mercado de ações etc.
De acordo com “A Lógica do Cisne Negro”, algumas pessoas são afetadas profundamente por essas mudanças, enquanto outras saem praticamente ilesas. Por que? A resposta está no nível de informação.
“A Lógica do Cisne Negro” afirma que, quanto mais ignorante você é, maior a probabilidade de ser surpreendido por uma fato inesperado.
No século 15, quando Nicolau Copérnico propôs que a Terra não é o centro do universo, ele desafiou a religião e também abriu caminho para uma mudança cultural na sociedade e na ciência. Cisnes negros aceleram a mudança do mundo, afirma Taleb.
Os dois tipos de improbabilidade
Para melhor compreender o impacto do improvável, “A Lógica do Cisne Negro” divide o conhecimento humano em dois principais grupos de efeitos improváveis em nossas vidas. Dessa forma, o autor acredita que fica mais fácil entender como somos enganados, provando assim a nossa incapacidade de fazer previsões.
Grupo Mediocristão
As médias são a regra. Aqui, a nossa amostragem de informações e dados disponíveis é muito grande e nenhum fato isolado muda a maneira como o modelo funciona.
Os dados não são escaláveis, pois, eles têm limites mínimo e máximo definidos. Por exemplo, as características físicas, como altura e peso corporal, e até mesmo o QI (Quoeficiente de Inteligência).
No caso do peso de uma pessoa, é fisicamente impossível para alguém atingir 1.000kg. Assim, de acordo com “A Lógica do Cisne Negro”, uma vez que as propriedades de tais informações não escaláveis são claramente limitadas, pode-se fazer previsões relativamente precisas sobre as médias.
Grupo Extremistão
Nesse grupo, moram os extremos. As informações são tão desproporcionais que uma única observação pode impactar dramaticamente nossas observações e iludir a nossa capacidade de fazer previsões.
O Extremistão traz coisas fundamentalmente abstratas, como por exemplo, mortes em ataques terroristas, vendas de livros por um autor, taxas de inflação etc.
Diferentemente de dados sobre peso de uma pessoa, vendas de álbuns, por exemplo, são itens escaláveis. Pode-se vender um livro digital, por meio do Kindle infinitamente, porque esse formato não requer que você imprima o material a cada cópia vendida.
Outro exemplo altamente escalável é a riqueza. É possível para uma minoria da população possuir uma porcentagem incrivelmente grande da riqueza. Nesse caso, se você analisar os dados olhando a média, pode se iludir com uma representação da distribuição de renda que não reflete com precisão a realidade das pessoas.
Cuidado para não ser o peru no Dia de Ação de Graças
“A Lógica do Cisne Negro” explica esse exemplo do peru da seguinte maneira: imagine o esse cenário: você é um peru, que é bem cuidado por anos e sua vida é uma maravilha. Porém, no Dia de Ação de Graças, ocorre uma surpresa. Você não é alimentado, é assassinado e servido como alimento para as pessoas.
Com essa metáfora, “A Lógica do Cisne Negro” ilustra como observar o passado para predizer o futuro. Ela também prova que os cisnes negros são relativos. Enquanto para você, o peru no jantar de Ação de Graças é claramente um cisne negro, para o cozinheiro, não há surpresa alguma neste evento.
Muitas vezes, nós encaramos nossa vida como se as coisas ocorressem no Mediocristão, quando, na verdade, tudo se passa mais no reino do Extremistão. Então, como lidar com essa realidade?
“A Lógica do Cisne Negro” recomenda aceitar e entender a natureza imprevisível do mundo, ao invés de ignorá-la. Esse comportamento pode não livrá-lo da mesa no Dia de Ação de Graças, mas lhe permitirá não se acostumar com o status quo.
Nosso cérebro nos prega peças
Quando falamos que “não há provas sobre existência de cisnes negros”, muitas pessoas podem entender que essas aves negras simplesmente não existem. Um jeito errado de interpretar, afinal, a falta de prova de alguma coisa não significa que ela não seja real.
Existe ainda a tendência do nosso cérebro de buscar evidências, a chamada falácia da confirmação. “A Lógica do Cisne Negro” afirma que nosso cérebro é acostumado a procurar por provas e isso pode limitar em muito a nossa linha de pensamento, ignorando informações que vão na contramão dessas crenças. Esse comportamento cego limita as nossas descobertas.
Outra falha do nosso sistema operacional é que temos o hábito de criar histórias baseadas em coleções de eventos que ocorrem em nossas vidas, sem adicionar uma explicação a eles. É a falácia da narrativa.
“A Lógica do Cisne Negro” alerta que, ao condensarmos fatos em uma narrativa única, acabamos por gerar perda de informações. E isso é perigoso, uma vez que, descartando os dados que não fazem sentido na nossa história, ficamos à mercê dos imprevistos.
Conheça o seu cérebro
Existem 2 tipos de pensamentos. Um deles é instintivo, rápido, imediato e se baseia na sua experiência com o mundo. Ao mesmo tempo que esse jeito de pensar ajuda você a agir rapidamente a estímulos externos, ele aumenta a probabilidade de erros.
O outro sistema é racional, lento e possui autoconhecimento, sendo muito mais útil em salas de aulas ou num momento de vida ou morte.
De acordo com “A Lógica do Cisne Negro”, é comum confundirmos os dois tipos de pensamento. E a saída para solucionar essa desordem é conhecermos bem o nosso cérebro.
Resultados e recompensas em A Lógica dos Cisnes Negros
Para o ser humano, uma série de pequenas e constantes recompensas, geralmente, trazem mais felicidade e realização do que uma recompensa enorme.
Mas existem, também, os progressos não lineares, que ocorrem em grandes saltos, alternados com a estagnação. Essas sim são as situações mais frequentes na vida.
“A Lógica do Cisne Negro” afirma que o modelo linear é adotado nas salas de aulas e livros, simplesmente, pela facilidade de compreensão.
Além disso, o ser humano tem a tendência de selecionar as partes de um processo que se encaixam nas suas impressões e ignorar as partes que não estão de acordo com seus pré-conceitos. É o que “A Lógica do Cisne Negro” chama de evidência silenciosa.
Veja um exemplo: os autores de livros famosos são vistos pelas pessoas como extremamente talentosos, o que é a razão do sucesso.
Por outro lado, muitos escritores, também talentosos, nunca chegam a ter um livro publicado por uma grande editora e, por isso, o público tende a não levar em conta a sua importância e relevância.
Isso significa que, na maioria das vezes, consideramos apenas os cisnes negros que tiveram a combinação perfeita de talento e sorte do autor para garantir seu lugar no hall da fama.
Desta forma, “A Lógica do Cisne Negro” mostra que o talento não pode ser provado como uma causa de sucesso no mundo editorial.
Tirando proveito dos cisnes negros
Taleb apresenta, em seu livro, algumas dicas práticas de como capturar mais valor dos cisnes negros.
O primeiro passo é priorizar suas crenças de acordo com os danos que elas podem causar e não com a chance de elas acontecerem.
Pergunte-se: o que poderia de fato ter maior impacto na minha vida hoje? Esse é o ponto que deve tirar seu sono e não o que você acredita ser mais provável com um impacto menor.
Por exemplo, se você investe em ações, é melhor considerar cenários extremos do que cenários de risco moderado (percebido). Em vez de colocar seu dinheiro em investimentos de médio risco, você deveria aplicar a maior parte do seu capital (85-90%) em instrumentos extremamente seguros, como tesouro direto.
Os 10-15% que sobraram, você deveria colocar em investimentos extremamente especulativos, como capital de risco. Assim você não precisa se preocupar com gestão de riscos e se coloca parcialmente à mercê de cisnes negros.
O objetivo é estar muito exposto aos cisnes negros positivos e, ainda assim, continuar paranóico em relação aos negativos. Os eventos com os maiores impactos em sua vida serão inesperados, por causa dos nossos vieses cognitivos e da nossa incapacidade de prevê-los.
E se nós não podemos confiar em previsões, devemos fugir delas, quando o assunto é complexo, sob o risco de nos iludirmos mais adiante.
Se for para ser enganado, que seja pelos assuntos simples, não pelos complexos, recomenda “A Lógica do Cisne Negro”. Mas nunca desacredite algo, apenas por parecer improvável. Mantenha a mente aberta para os casos positivos. Um exemplo de como fazer isso poderia ser aumentando sua exposição a situações onde eles acontecem: eventos sociais, jantares etc.
Enfim, lembre-se que pela “A Lógica do Cisne Negro” o seu cérebro foi projetado para golpeá-lo toda vez que um fato novo imprevisível ocorre. Esteja preparado e entenda como tudo funciona.
Você estará exposto ao improvável, apenas se você deixar que o cisne negro o controle.
Dicas da 12Min
Se você gostou de “A Lógica do Cisne Negro”, uma boa dica é ler o resumo completo no 12Min. O microbook está disponível nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF para o Amazon Kindle. Você pode optar ainda pelo audio book.
A plataforma 12Min tem muitas outras excelentes obras, inclusive, Antifrágil – coisas que se beneficiam com o caos, também de autoria Nassim Taleb.
Esse livro é um manual de instruções para se viver em um mundo repleto de incertezas. Uma obra fantástica.
Você quer outras sugestões de leitura muito legais? Anote aí:
Blink: A Decisão Num Piscar de Olhos – Malcolm Gladwell
O livro existe para ajudar você a saber quando, como e porque utilizar sua intuição como grande aliada.
Mindset: A Atitude Mental para o Sucesso – Carol S. Dweck
Esse livro vai ajudá-lo a encontrar as ferramentas para alcançar seus objetivos e atingir o sucesso em todas as áreas da sua vida, mudando seu cérebro para melhor.
Esses livros são realmente fantásticos. Boa leitura!
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