Resumo do Livro A Era da Curadoria, Gilberto Dimenstein e Mario Sergio Cortella
Estamos nos afogando num tsunami de informações que nos chegam a todo instante, por todos os lados. E, o meio de tudo isso, a nossa atenção está cada vez mais dispersa. Então, o livro A Era da Curadoria alerta: nos dias atuais, “o que importa é saber o que importa”.
Ou seja, nunca foi tão essencial dominar a habilidade de selecionar aquilo que efetivamente possui credibilidade e relevância para cada pessoa em especial. E é aí que entra o papel do curador.
Mas o que é um curador?
Segundo Mário Sergio Cortella, co-autor do livro a Era da Curadoria, curador é alguém que protege, cuida e amplia. Diferentemente de um zelador, que “tranca a porta” e não deixa ninguém entrar, o curador se abre para as pessoas ao seu redor e se coloca à disposição delas. O curador não tem a visão de dono de uma propriedade.
Ficou interessado? Então, vamos adiante! Você pode continuar lendo o resumo do livro A Era da Curadoria aqui ou baixar o PDF ao lado.
A Era da Curadoria
Educação, comunicação e cidadania são conceitos interligados e o que pode sintetizá-los é exatamente a noção de curadoria.
A era da curadoria é um momento em que organizamos os nossos espaços de convivência, de vida comum, estruturados em algumas instituições. Por exemplo, a escola e os meios de comunicação, em que aqueles que são responsáveis por coordenar as atividades têm o espírito do curador.
Como já foi mencionado, curador é alguém que tem que cuidar para repartir. É alguém que precisa proteger e elevar para tornar disponível, para as pessoas que ali estão, seja o conhecimento na escola, seja a informação em relação ao mundo digital.
Educar pela comunicação; comunicar pela educação
Educação e comunicação lidam com formação. Isto é, nós supomos que as pessoas não nascem prontas e, portanto, elas devem ser formadas naquilo que consideramos bom. E assim nos esforçamos para fazer o “dever de casa” bem feito.
Mas o que é criar uma pessoa feliz? O livro A Era da Curadoria afirma que não se trata de alguém eufórico, que ri de uma maneira desvairada. Mas feliz é quem não tem uma vida não fértil, banal, fútil, superficial e inútil.
O autor explica que a palavra felix, em latim, significa “feliz” e “fértil”. Isso porque felicidade é não esterilizar o sonho, não perder a esperança. Nesse sentido, a educação e a comunicação possuem um ponto em comum, que é formar pessoas que tenham vida fértil.
Essa vida fértil não é a vida do indivíduo fértil − porque não há fertilidade individual −, mas é a vida coletiva fértil, Ou seja, é ser fértil em meio a outras pessoas. Afinal, a felicidade é boa quando partilhada. Portanto, o ponto de chegada da educação e da comunicação é a fertilidade para as pessoas.
Um passo além
A difusão acelerada da informação mudou o papel dos docentes e de todos aqueles que têm a tarefa de propagar informações, seja nas empresas, comunidade, religiões etc. Hoje, exige-se um passo a mais na relação ensino/aprendizado, garante Mario Sergio Cortella.
Segundo ele, os professores de antigamente, por exemplo, encantavam os estudantes. Sabe por que? Porque eles sabiam coisas que os alunos não tinham a mínima ideia. isso é, eles tinham conhecimento.
Com a chegada da TV, aumento da audiência das rádios e, é claro, com a internet, os professores se multiplicaram. E o fascínio dos alunos foi reduzido. Afinal, o que o professor tinha para nos ensinar hoje é acessível instantaneamente.
Mas tem muita, mas muita gente mesmo, perdendo tempo precioso com coisas que não importam para elas, ou seja, não geram conhecimento. Segundo Mario Sergio Cortella, durante um bate-papo sobre o lançamento do livro A Era da Curadoria, essas pessoas não navegam na internet. Pelo contrário, elas naufragam.
Isso porque, para navegar, é preciso ter clareza para onde se quer ir e dos movimentos a serem feitos. E quando isso não existe, você se perde no mar de informações, com dificuldades para selecionar e priorizar.
Somos consumidores e produtores de informação
A internet contém uma enxurrada de informações. E o Google é uma das principais ferramentas. Mas existem também as redes sociais. A verdade é que, segundo o livro A Era da Curadoria, vivemos numa época em que todos são, ao mesmo tempo, consumidores e produtores de informação.
Hoje, o leitor encara uma notícia como se estivesse olhando um caleidoscópio, tantas são as multiplicidades de uma mesma imagem.
Até pouco tempo atrás, o jornalista cantava sozinho no palco, diante da plateia. De repente, se viu no meio de um imenso coral. E com cada um cantando a própria música.
Gilberto Dimenstein e Mario Sergio Cortella, os autores do livro A Era da Curadoria, afirmam que é justamente aí que está o fundamento da era da curadoria. Mas por que curadoria? Porque as pessoas vão buscar se informar com quem tem credibilidade. Estas podem ser, por exemplo, um colunista, mas também um blogueiro que dá aulas em Harvard ou na USP.
Portanto, o Google e o Yahoo são apenas a porta de entrada que levam o indivíduo a um grupo de curadores, que constitui uma espécie de universidade livre. Aliás, não dá para imaginar a universidade do futuro com as salas de aula que existem hoje, garantem os autores.
Algumas universidades renomadas pelo mundo afora, como por exemplo, Harvard e MIT, já adotam algumas mudanças. Os autores acreditam, inclusive, que virão outras novidades, como redução da frequência em salas de aula.
A importância das cidades
Uma pesquisa realizada em 2017 pela We are Social mostrou que, naquele ano, existiam 3 bilhões de usuários das redes sociais em todo o mundo. Esse número vem aumentando, é claro.
As pessoas estão ativas no Facebook, WhatsApp etc. No entanto, o livro A Era da Curadoria afirma que a grande e mais importante rede social da história da humanidade chama-se “cidades”.
Por que as cidades? Porque elas são o lugar onde as pessoas se comunicam. E quanto mais uma cidade é evoluída, mais ela transforma essa interação em inovações.
O local de trabalho, a praça, a feira, enfim, são nas cidades que aprendemos, ensinamos, nos relacionamos. Ou seja, o isolamento não nos proporciona essas experiências.
O aprendizado no estilo internet
Para haver aprendizagem, é fundamental que se estimule a concentração. Mas a internet e suas redes sociais geram dispersão ou, talvez, seja esse um novo tipo de concentração.
Alguns cientistas afirmam que é mais fácil aprender no estilo internet, pois, para haver concentração, é preciso fazer esforço. A dispersão vai se infiltrando e em algum momento, será necessário focar para não se perder.
Os autores do livro A Era da Curadoria levantam algumas questões para reflexão:
- como lidar hoje com um leitor ou com um estudante que está conectado 24h por dia?
- como lidar com esse indivíduo que aprendeu que a ideia de comunicar é semelhante à ideia de compartilhar, e que comunicar e compartilhar é quase uma coisa só?
- até então o que acontecia na comunicação?
Cidadania
Uma habilidade indispensável nas escolas e que vai garantir ao aluno sua cidadania, é uma leitura crítica da mídia. Afinal, se o indivíduo não souber ler as informações criticamente, sua capacidade de agir estará comprometida.
A nossa cidadania pode ser comprometida por elementos como:
- assistir um programa eleitoral e não saber ler criticamente o que aquele candidato falou;
- não saber sequer entender o que é uma porcentagem para constatar o que melhorou e o que piorou;
- não saber fazer um cálculo simples de juros compostos para entender o que significa inflação;
- não compreender alguns conceitos históricos etc.
A nova era da comunicação
Hoje em dia, não é possível abrir mão dos conceitos da educação para comunicar, nem dos conceitos da comunicação para educar. Porque educação e comunicação estão se tornando uma coisa só.
Quanto ao excesso de informação e ao excesso de confusão, as pessoas têm que entender o que está acontecendo e, assim, aprender a lidar com esse novo cenário. No entanto, é bom lembrar que uma coisa não mudou: o fato de que as pessoas têm que tomar decisões.
O que nos faz acreditar no meio de comunicação é o fato de ele ser relevante ou não em nossas vidas. Se ele não for relevante, não vamos considerá-lo. Por exemplo, pode-se questionar: o tema “celebridades” é relevante? Para muitas pessoas, saber qual o biquíni que Gisele Bündchen está usando é uma questão importante, para outras não tem valor algum.
A interatividade e a relevância
Os conhecimentos ficam cada vez mais interativas e interessantes. O livro A Era da Curadoria afirma, inclusive, que em alguns casos os vídeos interativos valem mais que a presença de um professor.
E já existem iniciativas revolucionárias em educação e comunicação, como por exemplo, o “adaptative learning”, que em português se chama “ensino adaptativo”.
Na realidade, é como se criássemos um professor particular para cada estudante. Todavia, isso não significa que o professor seja dispensável, mas que ele é mais importante ainda. Significa o seguinte: “vou ajudá-lo a transformar a curiosidade e a dúvida na essência da minha relação”. A comunicação dele com o estudante muda.
O que não muda nunca é algo ligado à uma palavra simples: relevância. Enquanto alguma coisa for relevante para a pessoas ter informação e viver melhor, ela não vai perecer.
Assim, a escola de hoje, ou é um centro de curadoria sofisticado, ou perde sua importância,
Mundo digital versus criatividade
Essa simultaneidade, instantaneidade, conectividade obsessiva retiram o maior combustível da criatividade humana: o tédio. Goethe dizia que os macacos não criam, não fazem ferramentas, porque não têm tédio.
Hoje, não há ninguém desocupado em lugar nenhum, e isso impede a criação. O tédio é o mais forte motivo para a criatividade. Portanto, destaca o livro A Era da Curadoria, a ausência dele permite informação, mas nos faz reduzir nosso espaço de conhecimento.
E o mundo digital não nos dá trégua. E sem trégua, não existe criação ou invenção. Temos um risco grande de formar gerações com a capacidade apenas de ser reiterativa e não criativa.
5 frases sobre A Era da Curadoria para reflexão
Continue aprendendo
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Boa leitura e ótimos aprendizados!
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