Resumo do Livro Filosofia Para Corajosos, Luiz Felipe Pondé
Passamos o dia a dia sem refletirmos sobre questões importantes, vivendo e sobrevivendo no piloto automático. Por isso o livro Filosofia Para Corajosos é importante para todos nós, por que o autor nos provoca a pensar, com a nossa própria cabeça, em uma série de comportamentos corriqueiros.
O escritor Luiz Felipe de Cerqueira e Silva Pondé é também palestrante. Ele é doutor em Filosofia Moderna, pela Universidade de São Paulo, e pós-doutorado em Epistemologia, pela University of Tel Aviv. Ou seja, deu para perceber que o autor tem pedigree para falar sobre o assunto, não é mesmo!
Você ficou interessado em seguir adiante? Então, venha com a gente!
Filosofia Para Corajosos
A filosofia é a mãe de todas as ciências. Ela ensina a pensar por nós mesmos, enxergar o mundo que nos cerca como um verdadeiro parque, onde podemos brincar com conceitos e descobrir mais sobre quem nos cerca. E o objetivo deste livro é usar essas bases da filosofia para ensinar você como pensar por si mesmo.
Muitas vezes, em filosofia, assumir a própria língua é se reconhecer numa determinada concepção de mundo e assumir seu lugar particular nela. Não se trata de reinventar a roda, mas dizer livremente o que se quer dizer para seus semelhantes acerca do mundo, sempre a partir da tradição de pensamento à qual um pensador se filia. E para fazer isso é essencial que se tenha algum repertório filosófico e coragem para falar em primeira pessoa.
O mal-estar com a modernidade
Você já se sentiu um mero número numa cadeia produtiva ou apenas uma peça genérica nessa mesma cadeia? Em Filosofia para Corajosos, Luiz Felipe Ponde explica que o mundo moderno burguês em que vivemos é um lugar pautado pela lógica da eficácia em que todo mundo é medido pelo seu valor “de uso”. Em outras palavras, você vale pelo que faz funcionar. Por exemplo, idosos hoje não valem nada.
Antes, quando eles eram raros, valiam mais. Porém, nos dias atuais, como os idosos são muitos, seu valor está inflacionado, além do fato de que, com o avanço das tecnologias de informação, que eles desconhecem em grande parte, os idosos deixaram de narrar a vida.
Narrar a vida, esclarece o autor, significa ajudar os mais jovens a compreender a vida deles a partir da experiência acumulada das gerações. Mas hoje os idosos, na melhor das hipóteses, acabaram virando um “mercado de serviços para idosos” e, assim, estão à margem da sociedade produtiva. Sorte de quem ganha com isso.
Coro particular de demônios
Esse coro de demônios é uma metáfora para falar de certas coisas que nos atormentam há milênios e a cada dia de nosso cotidiano. Religiões e mitos existem, entre outras coisas, para explicá-los. Segundo o autor de Filosofia Para Corajosos, eles ecoam as principais perguntas a seguir:
1. O que estamos fazendo aqui no mundo? Ninguém tem a mínima ideia.
2. Existe vida após a morte? Não há como ter certeza.
3. Se Deus não existir, tudo é permitido? A imortalidade da alma associada à existência de Deus nos levaria à sustentação de um julgamento moral eterno.
4. Existe evolução moral na humanidade? Não dá para ter certeza. Afinal, não há como colocar a humanidade num laboratório de análise de comportamento.
5. Dinheiro compra amor verdadeiro? Todo mundo tem um preço, mesmo os que não valem nada.
6. A democracia é uma boa mesmo? Democracia é um grande dogma contemporâneo. Criticá-la parece dizer que você é do mal. Bobagem. Mesmo assim, democracia, entre os piores regimes, é o menos pior.
7. Mulher gosta de homem fraco e pobre? Não. Nesse caso, homens fracos e pobres significam mais que um papo sobre dinheiro e força física.
8. Vale a pena ser honesto? Sem dúvida, precisamos acreditar em algumas virtudes, do contrário a vida pode se tornar um inferno maior do que já é.
9. O que é melhor: um filho ou um cachorro? A pergunta parece absurda, mas é muito contemporânea. O número de crianças cai no mundo rico e o número de cachorros sobe.
10. Ter conhecimento faz de você uma pessoa melhor? Não. Quem diz o contrário é mentiroso ou ignorante.
O Ceticismo contra os picaretas do espírito
A palavra “ceticismo” tem origem no verbo grego skopein e significa observar, ver com atenção. Um cético pode ser muitas vezes um pentelho, sobretudo se acreditar no ceticismo como última resposta para tudo.
Tirando esses chatos, o ceticismo é, sim, uma prática muito importante na filosofia e na vida cotidiana. Afinal, o ceticismo pode ajudar você a escapar de muitos picaretas – espirituais, políticos, afetivos e comerciais.
O sobrenatural
De acordo com o livro Filosofia Para Corajosos, a palavra tem um significado na filosofia e outro significado nas religiões, da seguinte maneira:
- Na filosofia, está mais associada à ação de Deus no comportamento humano, por meio da graça divina;
- Nas religiões, mais ligada a crenças espíritas que associam o sobrenatural a manifestações de espíritos desencarnados no mundo dos homens.
Deus existe?
A fé não é fruto de uma causa racional. Não chegamos à fé pelo uso da razão e seus argumentos. Assim, de nada adianta o uso da razão em assuntos da fé. O livro Filosofia Para Corajosos defende que você pode ver pessoas brilhantes que têm fé e estúpidos que se acham o máximo porque não creem em Deus.
O homem é um ser racional?
Pondé não acredita nisso. Para ele, a fé em que o homem seja um ser racional é uma bobagem recente.
No livro Filosofia Para Corajosos, o autor fala que a ideia de que o homem é um ser racional vai bem com a ideia, necessária no mundo burguês, de que ele é autônomo. Mas tanto a racionalidade, quanto a autonomia são uma pequena parte da vida humana, ainda que não devamos buscar mais racionalidade e mais autonomia da vida.
Kant estava certo em defender a noção de “maioridade” como sendo a capacidade humana de assumir suas decisões, a partir de um esforço de autonomia e racionalidade. Nem sempre isso é possível.
Filosofia Para Corajosos e o materialismo
Em filosofia, materialismo tem dois significados diferentes:
- O primeira e mais importante, significa que tudo o que existe é feito de átomo, e quando morremos tudo acabará.
- O mais recente vem da tradição sociológica, quer dizer que o mundo do pensamento, dos afetos e das instituições pode ser explicado pelas relações materiais que se têm em sociedade, como modos de produção, comércio, guerras, instituições etc.
O autor de Filosofia Para Corajosos mostra um exemplo: se você anda de ônibus, você ama de um jeito; se você anda de helicóptero, você ama de outro jeito. Entendeu? Amor, aqui, seria função do modo como você se desloca no mundo, que por sua vez seria função de quanta grana você tem, que por sua vez seria função do seu lugar na cadeia produtiva de bens, ou seja, você é agente ativo ou vítima passivo?
O que são valores morais?
Todo mundo fala, mas ninguém sabe ao certo o que são valores morais, afirma o livro Filosofia Para Corajosos. Mas uma dica do autor é: quando você ouvir alguém falando muito de valores isso, valores aquilo, cuidado! Ele vai bater sua carteira.
Valores só existem quando há condutas bem marcadas por expectativas sociais que herdamos para além de nossa vontade. Essa moçada pensa que valores são coisas que você escolhe como um desodorante ou uma banda de música, ressalta o autor.
Não há nada mais sem rumo do que a educação contemporânea
Uma função que as escolas têm, mas de que ninguém precisa falar muito, é ocupar as crianças. Isso se tornou essencial no mundo contemporâneo, já que nem a mulher quer ficar em casa tomando conta do filho, afirma o autor.
Ou seja, escolas são, também, “depósitos de crianças para que os pais vivam”. Feio isso? É, feio sim, mas Pondé ressalta não ter escrito este livro para fazer marketing de comportamento.
A ciência triste da economia
Experimente falar de dinheiro com sua mulher para ver como ela vai ficar triste. O oposto também é verdade. Ou seja, essa não é uma questão de gênero, garante o livro Filosofia Para Corajosos.
A economia é uma ciência triste porque é a ciência da escassez. Os recursos a nossa mão são sempre menores do que aquilo que queremos. Toda dona de casa sabe disso: o supermercado é a prova de que os recursos são caros e raros. As donas de casa deveriam decidir nossa economia.
A economia solidária, a economia alegre
Existe “solidariedade” em troca de apartamentos via sites especializados, por exemplo. O perfil é de gente com baixo investimento em dependentes. Difícil é ter economia solidária com seguro-saúde do filho ou compra de casa para morar.
Então, por que a economia solidária faz tanto barulho? Segundo o livro Filosofia Para Corajosos, é porque ela alimenta no marketing de comportamento, essa necessidade monstruosa que nós, contemporâneos, temos de achar que somos legais e melhores que as gerações passadas, e que, por nós, nunca haveria guerra no mundo e todos dividiriam suas posses.
Contemporâneo: o que é isso?
A palavra contemporâneo refere-se a um modo de ser, de viver, ou seja, aplica-se a um conjunto de características que marcaria a nossa época, e tem mais a ver com um tipo de comportamento do que com um período de tempo específico.
Por isso, pode-se dizer que em um país como o Brasil tem lugares que são mais contemporâneos que outros. Uma forma fácil de entender o uso dessa expressão é ver como a utilizamos como adjetivo em alguns casos.
O adjetivo contemporâneo é usado muitas vezes para um estilo de restaurante. Um restaurante contemporâneo é um lugar descolado, chique sem ser presunçoso. Não só pela comida, mas pela decoração ou cenário e, acima de tudo, pelo tipo de pessoa que o frequenta e trabalha nele.
Filosofia Para Corajosos e o narcisismo
Ninguém tem uma autoestima plena. O narcísico tem menos ainda e é um miserável afetivo. O narcísico é aquele que, quando leva um fora, desmonta mais que o normal. É o chato de quem ninguém gosta porque reclama o tempo todo que ninguém gosta dele.
Uma cultura de direitos e não de deveres
Muitos jovens têm sido educados sob o manto de que a vida dá certo e a felicidade é um direito. O fracasso e o ressentimento seguem seu curso quando a idade chega. Assim, a realidade mostra seu enorme grau de indiferença para com todos nós. Temos mais deveres do que direitos em nossa passagem por este planeta.
O blá-blá-blá da desigualdade social
Outra mania do mundo contemporâneo é a história da justiça social, o que hoje é chamado de “o problema da desigualdade”, garante o livro Filosofia Para Corajosos. Só haverá igualdade social quando todos voltarem a ser pobres, como sempre fomos.
Veja bem: o mundo é uma merda e sempre foi. Mas o capitalismo o deixou um pouco menos pior em termos materiais, apesar de que continua em grande parte uma merda.
Os traumas da longevidade
Nunca estivemos tão longe do valor dos idosos; ao contrário, os jovens, com sua inexperiência, arrogância e seu conhecimento de iPhone são a referência dos mais velhos.
O mais ridículo é que, ao lado da longevidade técnica alcançada, foi o apodrecimento, e não o amadurecimento, que se instalou como marca do envelhecimento no mundo. Não se amadurece, perde-se o prazo de validade, mesmo com saúde.
Longevos correm o risco de um dia parecerem um bando de zumbis, sem lugar num mundo.
O evolucionismo
Nossa evolução se deu num ambiente de deveres e não de direitos. O próprio sucesso do capitalismo aconteceu graças à moral dos deveres e não dos direitos.
A felicidade do indivíduo nunca foi critério para a sobrevivência da espécie. O bando original, cuja última representação é a família, também em processo de dissolução, deixou de ser a referência. A nova referência é o sujeito e seus gostos.
Continue aprendendo
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E a equipe 12min tem outra sugestão de leitura, que você certamente irá adorar. Pegue aí:
Em Busca de Nós Mesmos – Pedro Calabrez & Clóvis de Barros Filho
Existem imensos questionamentos presentes no íntimo de nossas cabeças. Quem nunca perguntou qual é a origem do nosso universo? Qual o sentido da nossa vida? Por que estamos aqui nesse universo? Nesse tempo? Todas essas perguntas já foram feitas por diversos filósofos, e ecoam no tempo até hoje.
Boa leitura e ótimos aprendizados!
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