Os livros preferidos do visionário Elon Musk
Já falamos muito de Elon Musk no Carro Elétrico. Fizemos até uma biografia sobre Elon Musk que, na falta do livro mais completo sobre o sujeito, é uma boa introdução ao empreendedor e seus principais projetos.
Repassando: Elon Musk é CEO da Tesla Inc., da SpaceX, da Neuralink e um dos fundadores do PayPal. É conhecido como um titã multibilionário de energia alternativa, seja na produção dos carros elétricos mais poderosos e modernos ou das baterias residenciais mais eficientes. Também como promotor internacional da reciclagem (adotada como modelo industrial em sua GigaFactory, que eventualmente será 100% movida a baterias recicladas) e do desenvolvimento humano, contribuindo com pesquisas científicas que visam aprimorar o combate a transtornos psíquicos e neurológicos.
Além disso, pretende instalar a primeira colônia marciana e desenvolver um sistema operacional de telepatia embutido ao cérebro. De fato, não se trata de um empresário qualquer. Aqui mesmo no Carro na Tomada, já falamos sobre as baterias residenciais e carros elétricos da Tesla, a GigaFactory e o próprio Musk com detalhes, muitas vezes sem conter nosso espanto com a tremenda ambição (e a tremenda eficácia) de seus projetos.
Mesmo assim, tudo o que falamos ainda não é o suficiente
E, para sermos honestos, dificilmente será: Musk continua quebrando paradigmas e se reinventando a cada dia, inovando e mostrando caminhos imprevistos. A empreitada marciana parece louca, mas o sucesso do homem até o momento transforma céticos em crianças que sonham com viagens espaciais novamente.
Para compreender sua filosofia de vida e negócios, é preciso se debruçar sobre os vários aspectos e hobbies dele. Quem não tem curiosidade de entender melhor a cabeça de Elon Musk?
Segundo o próprio Musk, um de seus hábitos mais produtivos e importantes de sua vida e carreira profissional é a leitura, que ele pratica desde a infância, quando ainda era um menino tímido e frágil, ostracizado por outras crianças, seja com a leitura de livros de ficção científica ou quadrinhos. Mais velho e experiente, Musk se tornaria um leitor ainda mais voraz, devorando boa literatura enquanto retirava lições fundamentais para os negócios e amadurecia sua visão de mundo.
Sabe o que ele responde quando lhe perguntam como ele aprendeu a construir foguetes? “Eu leio livros”.
A leitura é uma das práticas mais saudáveis para o nosso intelecto, nossa cultura, nossa consciência e mesmo nossa empatia: os melhores livros são capazes de nos inspirar a ponto de nos tornarmos seres humanos melhores.
Musk credita muito de seu sucesso às leituras feitas no decorrer da vida. Este artigo comenta algumas delas, sempre tentando prestar a devida atenção ao modo com que cada leitura pode ter influenciado Elon Musk a se tornar… bom, Elon Musk.
Esperamos que gostem e que este artigo sirva de inspiração para futuras leituras 😉
“O Guia do Mochileiro das Galáxias”, de Douglas Adams
Exercendo o hábito da leitura desde a infância, Elon Musk cresceu sendo influenciado por ideias de livros de ficção científica e fantasia. Segundo uma entrevista para a NPR, um de seus livros prediletos é o Guia do Mochileiro das Galáxias.
Até hoje o empresário crê piamente que o livrinho contém ideias mais interessantes e proveitosas do que, por exemplo, as de algumas das maiores obras de filosofia moderna. Talvez porque, apesar do cinismo ocasional repontando aqui e ali, os livros de Adams possuem uma positividade e um bom humor que faltariam a filósofos como Nietzsche e Schopenhauer. Sem com isso sacrificar sua inteligência e seus mergulhos recorrentes em questões existenciais e metafísicas.
A saga O Mochileiro das Galáxias de Douglas Adams consegue reunir dois elementos aparentemente díspares com uma maestria e uma agudeza de observação sem paralelos: comédia e ficção científica.
No primeiro livro da série, O Guia do Mochileiro das Galáxias, quando o planeta Terra é destruído pela raça alienígena Vogon, não exatamente maligna, mas “desagradável” ao extremo (além de insensíveis, os Vogons são os piores poetas do cosmos), o britânico Arthur Dent é um dos pouquíssimos seres humanos a conseguirem evadir a tempo de não serem aniquilados junto ao planeta, graças ao seu amigo alienígena Ford Prefect, um coletor de informações para o Guia do Mochileiro das Galáxias, a enciclopédia mais abrangente do universo.
Os dois, depois com o acréscimo de novas companhias que surgem no caminho, embarcam em diferentes aventuras em busca de… Well, depende. Às vezes do melhor lanche da galáxia, às vezes de um supercomputador divino capaz de responder absolutamente qualquer pergunta.
Este computador, aliás, sabe a resposta para o sentido da vida. E a resposta é 42. O problema é que Douglas Adams nunca nos diz qual é a pergunta.
Com esta passagem do romance, Musk compreendeu que certamente tudo tem uma resposta: o difícil é saber articular a pergunta certa. Um ensinamento que ele levou para o resto da vida e nós também deveríamos levar.
O Guia do Mochileiro das Galáxias tem tradução para o português pela Editora Arqueiro. Você pode conferir a página do livro aqui.
“O Senhor dos Anéis”, de J.R.R. Tolkien
Outro livro importantíssimo de sua infância e adolescência foi a trilogia O Senhor dos Anéis do grande mestre da literatura fantástica J.R.R. Tolkien. Bíblia de todo nerd, os livros (Sociedade do Anel, As Duas Torres e O Retorno do Rei) seguem a jornada do hobbit Bilbo Bolseiro e seu inseparável companheiro Samwise até o vulcão de Mordor, onde o amaldiçoado e poderoso Um Anel do maligno Sauron poderá ser por fim destruído e trazer paz para a Terra-Média, o mundo ficcional habitado por elfos, orcs, uruk-hais e dragões criados pela imaginação incomparável de Tolkien.
Você pode não ter lido, mas sem dúvida conhece a história.
Como Musk contou em um artigo para a New Yorker, os heróis destes livros (e dos livros da saga Fundação, de Isaac Asimov) sempre sentiam um dever de salvar o mundo. É possível que desde cedo tal ambição, tão altruísta e honrosa, tenha repercutido na mente de Musk. Isto explica como seus empreendimentos, embora também lhe brindem com lucros fora de série, explicitam um desejo nobre de transformar o mundo em um lugar melhor para todos nós.
Elon Musk pode não ter as habilidades com a espada de Aragorn ou a magia de Gandalf, mas seu heroísmo não deve ser subestimado.
As edições da trilogia no Brasil ficaram a cargo da Martins Fontes e podem ser conferidas no site da editora. Recomendamos as promoções que aparecem com alguma frequência em lojas virtuais como a Submarino e a Amazon.
“Fundação”, de Isaac Asimov
Diga aí: talvez nós estejamos no auge da civilização, não é mesmo?
Não que seja uma utopia, claro. Nunca é. A desigualdade social é monstruosa, havendo um abismo na qualidade de vida entre o Haiti e os Estados Unidos, só para citar um exemplo óbvio. No entanto, o mundo em geral tem tecnologia, comunicação, transporte, conforto e segurança como nunca antes. Estamos hiper-conectados e hiper-informados. Temos satélites orbitando o planeta. A cada dia que passa, encontramos novas soluções para problemas que pareciam insolúveis. Curas para doenças que pareciam incuráveis. Sim, pode ser que estejamos no auge ou pelo menos chegando lá.
E é aí que o perigo da queda começa a nos ameaçar.
Na série de livros da Fundação de Isaac Asimov, que se passa num futuro distante em que um Império Galático se encontra ameaçado segundo as previsões de um cientista psico-histórico (ciência fictícia inventada por Asimov que juntaria história, matemática e sociologia e seria capaz de analisar estatísticas e deduzir acontecimentos que desestabilizem o futuro). A civilização tenta sobreviver a todo custo.
Parece louco, não é? É um pouco, sim. E absolutamente viciante.
Com a série da Fundação, podemos fechar o conjunto de livros mais reverenciados por Musk em sua infância (e que continuam seus favoritos). Em entrevista para o The Guardian, Elon Musk afirma que este é um dos melhores livros que já leu. Também comentou no Twitter que havia relido e achado brilhante.
Além disso, segundo a própria entrevista para o The Guardian, graças aos livros de Asimov, o engenheiro se deu conta da natureza cíclica das civilizações, sugerida por lições de história. De fato, romanos, sumérios e egípcios são exemplos paradigmáticos de civilizações que estiveram no topo, mas eventualmente entraram em declínio e ruíram.
No caso de um mundo globalizado como o nosso, quais seriam as verdadeiras consequências de um declínio civilizatório? Projetos como a Tesla e o SpaceX, que pretendem respectivamente acabar com a indústria de combustíveis fósseis e instalar uma colônia em Marte, e todos os alertas para a ascensão das inteligências artificiais, demonstram que Musk tem uma verdadeira preocupação em evitar uma distopia. E assim como os protagonistas de Fundação, conta com a ciência como aliado mais importante.
A edição mais recente (e completa) dos livros da Fundação no Brasil é da Editora Aleph, especializada em ficção científica. Confira aqui.
“Structures: or why things don’t fall down”, de J.E. Gordon
Livro que ajudou bastante o autodidata Elon Musk em seus projetos da SpaceX, Structures foi escrito pelo acadêmico James Edward Gordon, um dos fundadores da biomecânica e da ciência de materiais.
Trata-se de um livro de engenharia com linguagem bastante acessível que explica, de forma mais compreensível para leigos, o porquê de certos projetos de engenharia como pontes suspensas conseguirem se manter de pé, apesar do tráfego pesadíssimo dia após dia, e quais princípios físicos e biomecânicos permitem o lançamento bem-sucedido de um foguete.
Essencial para a compreensão de elementos básicos de engenharia para grandes obras, Musk afirmou em uma entrevista para a KCRW que este livro é muito, muito bom se você procura por uma introdução bacana a design estrutural.
Por não usar uma linguagem excessivamente técnica, e com a recomendação de Elon Musk servindo de chancela, já temos o bastante para dedicar um olhar atento ao livro. Em breve, ele terá uma tradução para o português no 12min, em versão de microbook.
“Superintelligence: paths, dangers, strategies”, de Nick Bostrom
Embora não seja uma obra de ficção, este livro de Nick Bostrom, professor da Universidade de Oxford, é tão assustador quanto os livros mais terríveis de H.P. Lovecraft e Shirley Jackson.
Discorrendo sobre o risco que uma inteligência artificial avançadíssima representaria para a humanidade, Bostrom demonstra que, por mais incríveis que sejam nossos avanços na área, é preciso tomar extrema caução para não engendrar uma consciência que, além de verdadeiramente humana num nível mental/intelectual, possua recursos para nos destruir.
Os seres humanos se preocupam acima de tudo (e com razão, tudo bem) com o que outros seres humanos farão. Afinal, já não foram tantos momentos em que um desastre nuclear parecia iminente? O que dizer da troca de ofensas e ameaças entre Donald Trump e Kim Jong-un? Contudo, Bostrom crê que a displicência na engenharia de inteligência artificial pode criar um inimigo ainda mais poderoso e inesperado.
Elon Musk já revelou em muitas ocasiões o temor que alimenta em relação a IAs e seu poder. Inclusive que poderiam levar a uma 3ª Guerra Mundial. Assim, Superintelligence com certeza não foi uma leitura muito tranquila para o magnata, que viu alguns de seus maiores medos serem confirmados como possibilidade por uma autoridade no assunto.
No Twitter, Elon Musk escreveu que “Superintelligence vale a leitura. Precisamos ter muito cuidado com Inteligências Artificiais. Potencialmente mais perigosas que bombas nucleares”.
Esse também ganhará em breve uma versão de microbook em português no 12′. Basta votar através da wishlist.
“Benjamin Franklin: uma vida americana”, de Walter Isaacson
Pelas mãos do famoso biógrafo Walter Isaacson, a vida pessoal e profissional do cientista, escritor e político Benjamin Franklin foi retratada com detalhes no livro Benjamin Franklin: uma vida americana (que recebeu uma edição primorosa no Brasil pela Companhia das Letras).
Isaacson vai dos anos iniciais à morte de Franklin, aos 84 anos, concentrando sua atenção no homem por trás do mito e na sua participação crucial na independência dos Estados Unidos. Empreendedor como Musk e um de seus heróis pessoais, a biografia do ícone norte-americano entrou para lista de leituras mais importantes do CEO da Tesla.
Em 2011, Musk tuítou sobre sua leitura da “grande biografia de Benjamin Franklin por Walter Isaacson. Altamente recomendada”. Posteriormente, em uma entrevista disponível no YouTube para Kevin Rose, ele tornaria a ressaltar como a biografia de Benjamin Franklin o inspirou de modo profundo e inesquecível.
E este não seria o único livro de Walter Isaacson a ter impacto em sua vida.
“Einstein: sua vida, seu universo”, de Walter Isaacson
Biografia completa de um dos cientistas mais influentes do século XX, Einstein: sua vida, seu universo conta a trajetória brilhante de Albert Einstein. Seus percalços profissionais, amorosos, suas origens, sua (falta de) religião e o impacto de suas descobertas no campo da Física Teórica.
É um livro incrível para qualquer interessado em Física ou em grandes personalidades da História, já que Einstein é uma das prestigiosas figuras que ajudam a moldá-la.
Na entrevista supracitada em que Musk elogiava a biografia de Benjamin Franklin, o bilionário também fazia uma referência a este outro livro de Isaacson e comentava que foi muito influenciado por ele. Assim como no caso da biografia de Franklin, isto faz sentido demais: não estamos falando apenas de geniais cientistas, mas seres humanos incríveis, que acharam caminhos inexplorados e revolucionários que fariam a humanidade avançar. Como o próprio Musk, que pretende seguir a estrada pavimentada por grandes homens que vieram antes dele e deixaram sua marca.
Este livro também foi editado pela Companhia das Letras
Gostou deste breve resumo sobre os hábitos de leitura de Musk? Por que não compartilhar ele com aquele seu amigo viciado em tecnologia e informação? 😉
Quer ir além dos hábitos de leitura e conhecer um pouco mais da vida e da obra do empreendedor serial? Recomendamos a leitura deste artigo!
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Esse texto foi escrito pela equipe da Carro Elétrico.