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Esse é um best-seller de economia que conquistou o mundo. São 672 páginas recheadas de dados e exemplos em torno da concentração de renda e riqueza, desde a revolução industrial. O Capital no Século XXI é resultado de mais de uma década de pesquisas.
O livro foi lançado 2013 e, rapidamente, tornou-se um sucesso editorial. Muitos especialistas o definem como uma obra-prima. O autor Thomas Piketty é economista francês, doutor em filosofia, ex professor-assistente do MIT e ex-diretor da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais.
Thomas Piketty exibe um histórico brilhante: foi eleito “Melhor Jovem Economista na França”, co-fundador e primeiro diretor da Escola de Economia de Paris e ganhador do prêmio Yrjö Jahnsson, que homenageia economistas com menos de 45 anos, que tenham dado contribuição significativa à pesquisa econômica pura e aplicada na Europa.
Então, deu para perceber que o autor tem “cacife” para lidar com um assunto tão relevante, não é mesmo? Se você quer saber mais sobre O Capital no Século XXI, continue com a gente aqui ou, se preferir, acesse o pdf ao lado. Vamos lá!
O capitalismo
O capitalismo tem suas raízes no século XIV, com papel importante na construção e desenvolvimento de muitos mercados mundiais. Contudo, embora seja claro que o sistema é ao mesmo tempo fascinante e bem-sucedido, ele encara uma iminente e crescente ameaça da desigualdade de riquezas.
Assim, O Capital no Século XXI, descreve os fundamentos do capitalismo. Mostra como uma economia capitalista não controlada pode conduzir a um grande e perigoso abismo entre as classes média e alta. Cada afirmação é sustentada por dados e pesquisas extensas e também estatísticas reais.
Piketty propõe, então, uma solução revolucionária que poderia mudar a cara do capitalismo e das economias ao redor do globo.
O Capital no Século XXI e a desigualdade de riquezas
Capitalismo, em sua essência, diz respeito à produção de bens e serviços para ganhar dinheiro, em vez de trocá-lo por outros bens, como comida e roupas, como era feito no passado.
Veja o exemplo de um fazendeiro cultivando sementes para vendê-las no mercado por lucro. Para produzir mais, ele decide investir parte de seu lucro em sementes e equipamentos. O que ele reinveste é conhecido como “capital”, ou seja, as ferramentas ou dinheiro usados para gerar mais dinheiro.
Quando o fazendeiro vende a sua colheita, o dinheiro que ele ganha de volta é chamado “retorno”. Uma parte desse retorno será reinvestida como capital, enquanto outra porção será usada para pagar o trabalho (nesse caso, o próprio fazendeiro). Dessa forma, o ciclo vai continuando.
Com o passar do tempo, o fazendeiro pode pensar em sua taxa de retorno, que é o lucro que ele recupera de seus investimentos, expresso em uma porcentagem. Quando a operação do fazendeiro começa a ficar mais rentável, ele pode contratar trabalhadores e assim, aumentar a sua produtividade.
Se os lucros do fazendeiro começam a crescer mais rápido que sua operação, seu capital não será necessário. Assim, como alternativa, o excesso de dinheiro irá diretamente para seu bolso e a desigualdade de riquezas começa a se desenvolver.
Os mesmos princípios que se aplicam ao fazendeiro, aplicam-se ao resto da economia.
Segundo o autor de O Capital no Século XXI, ser a força principal por trás do capital dá, aos donos, grande poder sobre a criação de empregos. Quando se trata de planejar o futuro da economia, colocar quantidade significativa de poder sobre tantas pessoas na mão de um grupo tão pequeno pode ser considerado perigoso.
Entendendo as taxas de crescimento
Uma economia global constantemente crescente é saudável. Mas a taxa na qual os mercados do mundo crescem precisa permanecer similar à taxa na qual seu retorno de capital aumenta. O Capital no Século XXI denomina essas taxas como “taxa de crescimento” e “taxa de retorno sobre o capital”, respectivamente.
Se a taxa de retorno está fora da escala da taxa do crescimento, acontece desequilíbrio financeiro, seguido pela desigualdade social. Esse é um problema que precisa de uma solução imediata.
O mesmo princípio se aplica diretamente ao capitalismo. Se há uma diferença pequena mas constante entre a taxa de retorno sobre o capital e a taxa de crescimento, o desequilíbrio irá se inclinar fortemente em favor dos atualmente ricos. Embora leve bastante tempo, os resultados são inevitáveis. Assim, permitir o crescimento desigual gera um desequilíbrio social perigoso que só piora com o tempo.
As mudanças no capital nacional
O capital nacional é a soma do capital doméstico de um país (ativos que eles possuem em seu próprio solo) e seu capital internacional (ativos que eles possuem em outros países). E segundo O Capital no Século XXI, o capital tem aumentado e diminuído ao longo das décadas, mas possivelmente a mudança mais notável tenha sido em sua natureza. No passado, a terra era o mais importante tipo de capital, mas deu lugar a ativos industriais e de habitação.
Capital doméstico pode também ser dividido em ativos públicos e privados. Esses dois compartilham uma relação inversamente proporcional: perdas em ativos públicos frequentemente significam ganhos em ativos privados e vice-versa.
Os ativos públicos de um governo são sempre:
- não financeiros, como no caso de prédios e estruturas governamentais;
- financeiros, o dinheiro em caixa do estado.
Inflação (na qual os preços dos bens aumentam) e empréstimos privados (no qual o governo pega empréstimos de cidadãos ricos particulares) são ambos métodos comuns de lidar com a dívida pública e ambos apresentam soluções efetivas. Mas, infelizmente, esses métodos são bastante brutais para as classes trabalhadoras, com o primeiro reduzindo o poder de compra e o último devolvendo o poder para os que já são ricos.
A primeira lei fundamental do capitalismo
São duas as fórmulas para explicar o comportamento dos mercados ao longo do tempo, simplificando a história e tornando os problemas reais mais claros.
A primeira lei fundamental do capitalismo diz que renda nacional (α) é igual à taxa de retorno sobre o capital (r), multiplicada pelo taxa de capital/rendimento (β). Ou seja: α = r × β. Essa pequena fórmula é poderosa, tornando incrivelmente simples calcular a renda nacional, que é o rendimento total recebido por todos em um país. Mas é também incrivelmente versátil e pode ser utilizada para encontrar suas variáveis.
A segunda lei fundamental do capitalismo
Essa lei nos ajuda a entender a dinâmica do sistema. Ela diz que a taxa de capital/rendimento (β) é igual à taxa de poupança (s), dividida pela taxa de crescimento econômico (g). Ou seja: β = s / g
Nesse caso, segundo O Capital no Século XXI, o principal problema é: se um país poupa muito mas não cresce a uma taxa alta o suficiente para garantir essa economia, o resultado será um excesso de capital, que é distribuído, então, para aqueles que já possuem riquezas.
Assim, dar a maior parcela de recursos da economia de um país para uma porcentagem muito pequena da população é perigoso. E essas fórmulas nos permitem enxergar o quão atrapalhado o equilíbrio de riquezas pode ficar.
A força do capitalismo frente aos grandes contratempos
Mesmo com problemas catastróficos, que afetam mercados em uma escala global, o capitalismo avança ao longo do tempo. Por exemplo, as duas guerras mundiais e a Grande Depressão abalaram tanto a economia, quanto a política do planeta. Esses eventos atingiram em cheio os membros mais prósperos da sociedade de maneira incrivelmente dura.
Com tantos impactos à riqueza dos 10% no topo, pode-se pensar que o abismo entre as classes alta e média seria reduzido. Mas este não é o caso. De acordo com O Capital no Século XXI, entre 1945 e 2010, os 10% no topo recuperaram três pontos percentuais, requerendo 33% da riqueza do país, com tendência de crescimento.
Ou seja, o capitalismo teve sim alguns contratempos, impedindo sua eficiência. Mas ele continua sendo uma poderosa força que leva à desigualdade de riquezas. Pesquisas mostram que os cidadãos nos 10% no topo de riquezas na Europa, em 2010, controlavam 35% da mão de obra e do capital do continente. Enquanto, nos Estados Unidos, os 10% no topo controlavam enormes 60%.
Interferência não natural
Segundo O Capital no Século XXI, mesmo os 31 anos de crise econômica não foram suficientes para regular permanentemente o problema da desigualdade de riquezas. Assim, o que a economia precisa é de uma interferência não natural.
Mas o que isso significa? Thomas Piketty explica que trata-se de algo que é diretamente criado para regular a desigualdade de riquezas, opondo-se a uma ocorrência exterior que a afeta de maneira não intencional.
Por exemplo, as guerras mundiais são interferências naturais. Por outro lado, os impostos progressivos que, segundo o autor, aparecem como a melhor solução para regular a desigualdade, são interferências não naturais.
Um imposto progressivo aumenta de acordo com a renda de quem é taxado. Isso força os mais ricos e poupadores a pagarem uma taxa maior do que os demais
Imposto global
Alguma coisa inteiramente nova precisa ser criada para combater os problemas gerados pelo capitalismo, alerta Thomas Piketty. Um novo e progressivo imposto global sobre o capital resolveria esses problemas. Ou seja, inibiria o poder do capitalismo sobre a desigualdade, permitindo um maior equilíbrio.
Isso dependeria de um planejamento de imposto satisfatório para o mundo e demandaria um alto nível de transparência financeira. Mas permitiria que as informações bancárias gerais dos países e indivíduos fossem monitoradas. Segundo o autor, os ativos mantidos no exterior também estariam incluídos.
O Capital no Século XXI afirma que esse tipo de imposto seria uma ferramenta perfeita. Mas perfeita demais para ser verdade. É praticamente próximo do impossível, admite Thomas Piketty. Afinal, o planejamento tomaria longo e impraticável tempo. Além disso, os membros mais ricos da sociedade perderiam tanto, que jamais concordariam com essa ideia.
Um imposto global progressivo sobre o capital é um conceito utópico, mas isso não significa que não vale a pena considerá-lo como uma meta para a qual se direcionar, alerta Piketty.
Continue aprendendo
Se você gostou do tema e quer se aprofundar um pouco mais, acesse o microbook O Capital no Século XXI, pdf, no 12min. Nele você encontra exemplos e mais informações relevantes.
No 12min, você tem uma variedade enorme de obras consagradas, em diferentes categorias. Por exemplo, você deve gostar das duas sugestões que selecionamos. Pegue aí!
A Ascensão do Dinheiro – Niall Ferguson
Esse é um livro sobre a história financeira do mundo. O autor conta como surgiu o dinheiro e a sua evolução para os padrões atuais.
Além disso, Niall Ferguson explica como o conceito do dinheiro é mais importante do que o objeto em si. Ele dá uma “passada” pelo mercado de ações e as bolhas financeiras. E, ainda, esclarece o que são títulos do governo e porque o mercado imobiliário deixou de ser um bom investimento.
E é claro, você vai entender como a China vem ganhando a cada dia mais poder. Alguns especialistas estimam que este país assumirá a liderança econômica mundial até 2027.
Brazillionaires – Alex Cuadros
Considerado um dos melhores livros do ano, em 2016, pela Financial Times, “Brazillionaires” explora a história dos bilionários brasileiros. Assim, Alex Cuadros, conta um pouco sobre o passado do nosso país e como esses bilionários construíram suas riquezas. E, em alguns casos, como perderam essa tudo também.
Segundo o autor, os bilionários brasileiros e suas enormes fortunas estão no topo da pirâmide econômica. E eles acumulam poder e riquezas de maneira extravagante. Eles fazem parte dos 0,001% dos homens mais ricos do mundo.
Nesta obra, você tem a oportunidade de entender melhor como a desigualdade social tem crescido no país. Além disso, verá como a relação dos políticos e empresários molda o mundo de negócios brasileiro.
Infelizmente, um ponto de destaque no livro é a corrupção, que tem se perpetuado por séculos, o que causa desigualdade e paternalismo.
Agora, se você quer conhecer o lado oposto do capitalismo, aqui, no blog 12min, temos um artigo sobre outro best-seller. Trata-se de O Manifesto Comunista, de Karl Marx.
Boa leitura e ótimos aprendizados!
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Emir is the Head of Marketing at 12min. In his spare time, he loves to meditate and play soccer.